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Até logo.
"Há o hábito de pensar que se entra numa biblioteca para procurar um livro. Não é verdade. Sim, por aí começa, mas o que na verdade se busca é a aventura." Umberto Eco
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
António Gedeão
Era uma vez um homem que
tinha um pequeno conta-gotas na mão,
quando encontrava pessoas...
reunidas,
parava e contava histórias de monstros,
bichos, amores, espantos e desafios,
com finais felizes ou nem tanto...
Era com seu conta-gotas
que surgiam muitos lugares,
povos, tempos, todos mágicos,
que estavam guardados nas histórias
que lia e contava,
e assim ia com seu conta-gotas,
curando males,
criando lugares, alimentando as pessoas
famintas por novas histórias...
Depois guardava o conta-gotas,
e ia embora,
e todos ficavam
um pouco mais felizes...
Carlos Moreira